Daniel Neri e Maria Nilza

Esbanjando bom-humor. Foi assim que Daniel Nery, de 27 anos, fez a foto que você vê ao lado. Portador de encefalopatia crônica não evolutiva, que é a ausência de algumas atividades físicas e mentais, ele foi diagnosticado logo depois do nascimento. Maria Nilza, 58 anos, mãe de Daniel, teve uma gravidez de alto risco e pouco apoio durante muitos anos: “Há 17 anos, procurei a Rainha da Paz para que ele tivesse um tratamento adequado, e desde então ele volta para casa sempre feliz, com um sorriso no rosto”, conta. Além de cuidar da saúde, Daniel faz por lá atividades como jogar xadrez, oficinas de pintura e até participou de corridas de rua, com o projeto Pernas de Aluguel (saiba mais na pág. 54). “Nossa vida foi ainda mais mudada com o programa João-de-Barro, também oferecido pela Rainha da Paz. Eles me ajudaram a construir uma nova casa totalmente adaptada às necessidades do Daniel.”
Geny Juodinis

Há dois anos, Geny Juodinis, de 72, estranhou um carocinho no seio enquanto fazia o autoexame de mama em casa. O baque foi grande quando ouviu do médico que tinha um câncer maligno. “Eu pensei: ‘isso não pode me abater’. Então, escolhi guerrear.” No meio do caminho, uma cirurgia para retirada das glândulas deixou seu braço direito sem circulação. Foi quando ela conheceu a UP ONG, em Alphaville – onde profissionais cuidam de pacientes na mesma situação de forma voluntária. “Passei a fazer fisioterapia com a UP, fiz amigos e, ainda, aprendi a fazer crochê. Foi uma forma de esquecer o problema que estava passando”, conta ela, que agora está retribuindo a ajuda: “Estou fazendo mantinhas para levar para a ala infantil do hospital A.C. Camargo”. Durante o ensaio fotográfico, a senhorinha, que é apaixonada pelos seis netos, deu um show de carisma e fez a redação rir e chorar: no dia 8 de dezembro de 2016, ela recebeu a notícia de que estava curada. “O abraço dos meus netos foi o que me deu força.”
Antônio Júlio Pereira da Silva

Nascido em Mombaça, no Ceará, Antônio Júlio era mais um jovem que sonhava em ter uma vida melhor em São Paulo. Ele chegou por aqui no fim dos anos 90, e tudo teria dado certo se as drogas não tivessem lhe tirado o foco. “Eu já bebia desde os 13 anos e já usava maconha, mas aqui conheci a cocaína e o crack. Foi a minha destruição”, conta Júlio – hoje com 37. Ele perdeu tudo: trabalho, esposa, amigos, família e a casa, chegando a ficar duas semanas na rua. “Pedi ajuda por três vezes, minha família me internou, mas só na última, na Comunidade Filhos da Luz, consegui me recuperar”. O tempo de tratamento seria de seis meses, mas Júlio ficou por oito. Depois foi contratado pela ONG e hoje é um dos coordenadores da casa. “O mundo já havia desistido de mim, e, de repente, cheguei em um lugar onde me davam atenção e diziam que eu era importante. Tudo voltou a fazer sentido.” Júlio já está há quatro anos livre das drogas, casou novamente e recuperou a boa relação com a família.
Alan da Silva

“O Alan chegou faz pouco tempo para morar comigo. Ele estava com a mãe, em Recife, mas ela não quis mais ficar com ele”, diz Aelson da Silva Rego, pai do menino de 15 anos. A família é moradora do Parque Imperial, um dos bairros mais vulneráveis de Barueri. Assim que Alan chegou, o pai e a esposa procuraram a Associação de Apoio à Família (SAF), instituição que atende adolescentes em situação de vulnerabilidade psicossocial, que fica na região. “Vou todos os dias para lá, passo a manhã e a tarde fazendo atividades como teatro, hip hop e grafite. À noite, vou para a escola”, conta Alan – um dos garotos mais comprometidos na ONG, segundo a própria cordenadora, Mirtes Resende. “Desde quando chegou, o negócio dele é ir para a SAF, não quer saber de ficar na rua. No fim deste ano, ele pode até ganhar uma bolsa de estudo ou entrar no mercado de trabalho”, conclui o pai. O garoto, que ensaiou alguns passinhos de hip hop durante as fotos, é só alegria e já tem até uma namorada.
Luiz Cláudio dos Santos Silva

Com 30 anos, casado e pai de duas filhas pequenas, Luiz Cláudio hoje tem muito mais chances de arrumar um emprego. Ele recebeu ajuda do Instituto União Solidária, que viabiliza o acesso gratuito à educação profissional em escolas reconhecidas no mercado. “Fiz o curso de operador de empilhadeira no Senai Barueri. Foram quatro aulas, 32 horas de curso, recebi até um certificado de conclusão”, diz Luiz, orgulhoso. Ele terminou o curso há dois meses, ainda não conseguiu um emprego, mas garante que as oportunidades aumentaram – e muito. “Hoje sinto muita diferença, já fiz várias entrevistas e posso conseguir um trabalho a qualquer momento.”