Hélio Contador: "A violência no ano 2040"

Se quisermos ter um mundo com menos violência nos próximos anos, temos que nos dedicar sobre importância da família, das escolas e do meio ambiente na formação das crianças de hoje
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Julia

Atos de criminalidade, intolerância, desrespeito às leis e às pessoas serão maiores ou menores, daqui a 20 anos, dependendo da maneira que tratarmos nossas crianças e jovens no aqui e agora, no hoje!

Todo mundo deseja um mundo de paz e felicidade, mas poucos sabem o que fazer para que isso realmente aconteça, e dos que sabem, poucos fazem algo efetivamente.

Esse assunto complexo e cheio de discussões acaloradas me chamou a atenção enquanto assistia uma das aulas de pós graduação da PUC do Rio Grande do Sul sobre o tema: Como o futuro lidará com a violência.

Também me remeteu à frase controversa entre “quero preparar um mundo melhor de herança para meus filhos e netos” ou então “preparar meus filhos e netos para tornar o mundo melhor no futuro”.

Pelos estudos e artigos de neurocientistas e pesquisadores, entendo que muitas das coisas, boas ou ruins, que acontecem na vida adulta das pessoas são originadas logo no início da vida, desde os primeiros dias de gestação até sua formação na adolescência e mocidade, período em que o cérebro humano está se formando completamente em suas funções emocionais e cognitivas.

Ou seja, os traumas psicológicos de infância, abusos, desnutrição, desvios morais da família ou influenciados pelo meio ambiente terão grande probabilidade de transformar crianças e jovens em adultos desajustados socialmente. O oposto também vale, quando as crianças são tratadas com amor, carinho, atenção e uma condição saudável de vida, elas terão um maior potencial de se tornar um adulto equilibrado e respeitoso à sociedade e à natureza.

Em linhas gerais, o rumo da nossa vida tem duas influências básicas, sendo uma relacionada à hereditariedade genética e a outra pelo ambiente que nos cerca, ambas com relevâncias equivalentes.

As pesquisas de Neurociência podem ajudar muito na determinação das políticas públicas e no sistema educacional em geral, na medida em que identificam, cada vez mais, as reais necessidades humanas e suas consequências no equilíbrio emocional, racional e comportamental.

Hoje se sabe que crianças mal nutridas, em situação de abusos físicos, sexuais ou morais tem uma maior probabilidade de se tornarem adolescentes e adultos com dificuldades no convívio social, incluindo deficiências nas áreas de inteligência cognitiva, social e emocional.

Na área da hereditariedade genética, as pesquisas mostram que situações de traumas violentos podem se transmitir por várias gerações, causando situações que vão além de fatos acontecidos na vida atual, mas se estendendo à casos que aconteceram com nossos avós ou bisavós, sem que se tenha plena consciência ou conhecimento do ocorrido.

Existem vários estudos com animais que trazem fortes indícios da existência de uma herança trans geracional, que poderia se aplicar facilmente ao ser humano. Esse conhecimento só aumenta nossa responsabilidade quando lidamos com outras pessoas, pois, quando criamos traumas complexos nos outros, tais como assédio sexual e bullying, entre outros, poderemos estar afetando negativamente futuras gerações dessa pessoa. Veja o tamanho da encrenca!

Não tenho a menor pretensão, ou mesmo especialização adequada, para me aprofundar mais nessas questões, mas sim chamar a atenção para o fato de que, se quisermos ter um mundo com menos violência nos próximos anos, temos que nos dedicar mais radicalmente sobre importância da família, das escolas e do meio ambiente na formação das crianças de hoje.

Estamos a um passo do domínio científico que permitirá alterações genéticas nos fetos, corrigindo possíveis distorções hereditárias, mesmo antes do nascimento. Só que, assim como qualquer descoberta científica, isso servirá para o bem ou para o mal, dependendo da consciência de cada um.

Se fala muito em “mais escolas e menos presídios”, porém isso é parcialmente verdadeiro, na minha opinião. Ninguém deve se culpar pelo passado, porém hoje sabemos que a responsabilidade na formação das crianças e dos jovens adolescentes começa efetivamente em casa ou no local em que os cuidadores possam agir com a orientação, a atenção e o carinho necessários.

Se complementa na vida escolar e no trabalho, porém, independentemente da idade, é fundamental nos responsabilizarmos pela maneira como tratamos as pessoas que estão ao nosso redor, com respeito, educação e tolerância, em todos os aspectos.

Um “abraço” e até o próximo artigo..

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