Helio Contador: "Um robô nunca vai virar gente"

Por mais avançado que seja uma máquina robotizada e com a maior simulação de inteligência e emoções em relação ao ser humano, algumas características não poderão ser substituídas
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Tem muita gente preocupada com o avanço da tecnologia usando IA – Inteligência Artificial, não só na redução dos empregos formais, como também substituindo pessoas em várias funções. É uma preocupação lógica e fundamentada no noticiário alarmante do dia a dia. Porém, precisamos ir um pouco mais a fundo nesta investigação.

É claro que a velocidade de processamento, capacidade de memória e aprendizado contínuo de uma máquina moderna é de assustar qualquer um, e na verdade não sabemos onde isto vai parar. Muitos empregos repetitivos, que envolvem pesquisas na internet e que não exigem uma interação específica com seres humanos vão ser substituídos por máquinas, com mais eficiência, inclusive. Creio que todas as áreas de atuação na vida humana já estão ou serão ainda mais impactadas pela robótica: medicina, advocacia, engenharia, turismo, comércio, indústria, alimentação etc.

Qual a razão então de eu ter colocado este título: um robô nunca vai virar gente! Acredito que, por mais avançado que seja uma máquina robotizada e com a maior simulação de inteligência e emoções em relação ao ser humano, algumas características não poderão ser substituídas no ser humano.

Por mais avançadas que estejam as pesquisas no campo da Neurociência em relação ao funcionamento do cérebro humano, seja na parte biológica ou comportamental, ainda estamos longe de entender realmente como funciona a mente humana. Já sabemos que somos ainda seres instintivos, preocupados com nossa sobrevivência e com a reprodução da espécie humana, e movidos muito mais pela emoção do que pela razão. A lógica das nossas decisões, se é que podemos dizer que existe uma, está baseada em um conjunto de fatores praticamente impossíveis de serem reproduzidos por uma máquina.

Por tudo que estudei até agora, ao longo dos últimos 10 anos, aprendi que nos movemos através das nossas percepções e, na maioria das vezes, de forma inconsciente. Nascemos formados por uma genética biológica, que molda nosso corpo físico, uma genética psíquica herdada dos nossos familiares e uma genética espiritual, herança de nossas vidas anteriores. A partir do nascimento, começamos a adquirir experiências vindas da família em que nascemos ou fomos criados, da escola, dos amigos, da religiosidade e no trabalho, experiências estas que vão moldando nosso caráter, nossos valores, crenças e nossas percepções de vida. É assim que vamos construindo nossos propósitos de vida, aqueles que norteiam nossa razão de viver.

Esta é a base para nossas decisões do dia a dia, nossas memórias de vida, baseadas nas experiências positivas ou negativas que vivenciamos. E isto é algo totalmente individual e irreprodutível em qualquer outro ser humano, mesmo que sejam irmãos gêmeos vivendo na mesma família, em condição semelhantes. Isso é nossa individualidade e nenhuma inteligência artificial de um robô poderá reproduzi-la integralmente.

Uma coisa é certa: nosso modo de vida vai mudar muito nos próximos tempos. Nossas profissões, nossos modelos de trabalho, nossas formas de entretenimento e relacionamento humano serão bem diferentes no futuro. Como seres biopsicosocioespirituais aprenderemos a valorizar mais nossa saúde física e mental, aprenderemos a valorizar os relacionamentos humanos em busca de uma sociedade mais justa e equilibrada, respeitar mais a natureza e os animais. Aprenderemos que o SER é muito mais importante do que o TER, porque daqui nada levamos, a não ser as virtudes que desenvolvemos e o bem que fizemos à nós mesmos e aos outros, independentemente de crenças ou religiões.

Não imagino uma cena de um robô entrando numa loja para escolher uma roupa da moda ou um perfume, entrando em um restaurante ou no supermercado para comprar o alimento para a família, organizando festas e formaturas, participando de um happy hour com colegas, indo ao cinema ou ao teatro, viajando para conhecer outros lugares e outras culturas, fazendo terapia ou meditação ou até mesmo entrando num espaço religioso para fazer suas orações e agradecimentos ao seu Deus. Acredito que, mesmo atingindo o máximo grau de automação tecnológica possível no nosso planeta, o ser humano nunca poderá ser substituído, mesmo porque, fé e esperança não fazem parte das rotinas algorítmicas da programação artificial!

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