Jovens: por que tanto desânimo?

O fato de a adolescência antecipar-se a quase cada geração e prolongar-se cada vez mais não é novidade
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Sabe-se também que é um período de inúmeras transformações, tanto físicas como psíquicas, enfrentando um novo desafio: a necessidade de uma reconfiguração da história passada infantil, com suas perdas e caminhar rumo à fase adulta tendo em vista tanto as vantagens como os percalços.Em uma sociedade cada vez mais dinâmica, tecnologicamente avançada, competitiva e repleta de demandas, é bastante compreensível que surjam diversos tipos de conflitos.

Observa-se, no entanto, muito além de dificuldades e crises de identidade, naturais desta fase evolutiva, que uma série de distúrbios psíquicos tem se acentuado ultimamente de forma significativa. E o que mais tem preocupado os
estudiosos desta faixa etária, incluindo os adultos jovens é o crescente número de casos de depressão, seguido de transtorno de ansiedade e pânico.

Na tentativa de abordagens mais acuradas, fatores múltiplos podem contribuir para o aparecimento de tais inquietudes emocionais. Como cada momento histórico traz algum mal-estar social, como no passado as regras rígidas favoreciam repressões, atualmente, com o rápido avanço da tecnologia, o mundo globalizado tem proporcionado atributos como a falta de empatia e generosidade, o imperativo de ser feliz, popular e aceito, o aparecimento do bullying nas escolas, sentimentos de rejeição, baixa autoestima, “cancelamentos” e como se tudo isso não bastasse, a culpa, muita culpa por exigir de si mesmo realizações nem sempre plausíveis. Temos aí uma pista de um sofrimento psíquico desencadeado, segundo estudos, por uma precarização de reconhecimento, de solidariedade, tentando cada um por si, lançar-se em busca da inatingível “perfeição”.

Pode-se pensar no adolescente, inserido na cultura da conquista e da performance, como alguém frente a uma aventura ou um esporte de alto risco, aonde não faz sentido “ir bem”, mas ser o primeiro, o melhor. Daí o pânico frente ao primeiro estágio, á redação do vestibular, ao primeiro emprego. A falta de sentido e o desânimo no lugar da curiosidade de aprender novos conteúdos e a desmotivação de abraçar um trabalho que traga alguma satisfação, são elementos que sugerem o aparecimento da depressão e dos outros transtornos já citados.

Como psicóloga clínica, tenho notado que o número de jovens fazendo uso de antidepressivos, aliados à psicoterapia, tem sido mais frequente, mesmo um pouco antes da pandemia. E estes clientes se questionam da necessidade da medicalização do emocional, uma vez que eles sentem que passaram da tristeza para sentimentos de vazio, insônia, retraimento e até mesmo mal estar físico que os fez procurar ajuda médica.

Os medicamentos prescritos são úteis para aplacar os sintomas, mas é a psicoterapia que visa desenvolver recursos para ampliar a tolerância às pressões e às frustrações, devolvendo a capacidade de elaboração dos conflitos de uma forma mais adequada.

Entre em contato: 11 99113-5489

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