Ler para as crianças

Mariana Minerbo, doutora em psicologia clínica, faz uma reflexão sobre o tema da leitura na infância
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As inúmeras vantagens do avanço da moderna tecnologia tem trazido ao mesmo tempo um certo afastamento entre os membros das famílias, estimulando a exposição às diversas telas individuais, dificultando uma genuína aproximação entre os mesmos.

Pensando nas crianças em geral, estejam elas frequentando berçários, maternais ou escolas ou nenhuma alternativa anterior, observou-se por meio de estudos que o hábito de ler para elas, respeitando as características de cada idade, tem mostrado muitos benefícios tanto para quem está lendo como em especial, para as crianças.

Quando alguém lê para uma criança, podem ser os avós, tios, babás, além dos pais, forma-se um ambiente afetivo, de reciprocidade, fortalecendo vínculos.

Para os bebês encontram-se livrinhos coloridos, com estímulos táteis, auditivos e até alguns que podem entrar na água do banho. E conforme a idade avança e a criança reconhece a sua rotina nas histórias, passa a se identificar com alguns personagens, geralmente com as do “bem” e tendo uma percepção por si mesma, do que pode não ser adequado.

Abre-se um mundo de fantasias que enriquece a imaginação e a criatividade, uma vez que, por mais que um livro infantil tenha ilustrações, ainda assim há espaço para o preenchimento de conteúdos próprios, diferentemente de um filme.

Notou-se também que a sementinha da leitura plantada desde a primeira infância, oferece como um importante fruto, o desenvolvimento da curiosidade, pois a intenção deste ato não é apenas pedagógica mas também emocional.

Não se trata portanto de um preparo para o futuro apenas, ou para o vestibular e sim para o aqui e agora, pois as histórias compartilhadas ajudarão as crianças a expressar criativamente as suas ideias por meio de um vocabulário mais enriquecido, interagindo melhor socialmente.

Proporciona-se assim, maior autonomia para que a criança possa inventar novas brincadeiras e passa – tempos, conseguindo estar consigo mesma, ainda que acompanhada. Sofrerá menos de tédio, as identificações facilitarão a empatia, instrumentando-a para as próprias escolhas.


Mariana Minerbo é doutora em psicologia clínica. Estudou a influência do modo de vida contemporâneo e é ainda especializada em atendimento infantil e de adolescentes. Em suas sessões segue a orientação psicanalítica. 

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