Papo Gastronômico

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vero

Adoro comer, mas cozinhar não é a minha praia

Adoro comer, mas cozinhar não é a minha praia

OUTRO DIA fui a um jantar muito animado, com pessoas interessantes. Lá pelas tantas, começaram a falar sobre comida. Até aí, eu amo. Mas logo o papo evoluiu para culinária. Tenho percebido que, hoje em dia, acaba-se, inevitavelmente, trocando receitas nos encontros sociais. A anfitriã tinha feito uma moqueca. Disse que tinha passado o dia preparando aquele prato sublime (de fato), que o marido havia pescado o robalo e até confessou um segredinho: “Só pra vocês, tá?”. Não me pergunte o que era, porque eu não prestei atenção. Em seguida, um amigo pegou o gancho das iguarias do mar e contou apaixonadamente como prepara um inusitado risoto de camarão com brie: “Combina super!”. Me candidatei para comprovar. Uma amiga dividiu conosco que fazer pão é a sua terapia e que “alimenta” o fermento natural todos os dias! Outra convidada recebeu elogios rasgados pelo banoffee, com doce de leite sem açúcar nem adoçante (tâmaras?), que levou para o final da orgia.

E eu? Eu levei flores. Enquanto trocavam figurinhas gastronômicas, fiquei com cara de quem estava assistindo a um programa culinário que, por sinal, eu adoro. Mas admito que não gosto de cozinhar e tenho raiva de quem acha que tenho que aprender. Tem sempre alguém que quer me ensinar uma receitinha super simples, que até eu vou conseguir fazer. Omelete, por exemplo. Sei que é baba. Mas aí é que tá. Não sei fazer, porque não quero aprender. Se quisesse, eu aprenderia. Não aprendi geometria? Na verdade, uma das coisas que colaboram para eu evitar o mundo da gastronomia é o fato de que sou um desastre na cozinha. Quando digo “desastre”, quero dizer desastrada mesmo. Quebro cinco ovos para aproveitar três, queimo a comida, me queimo, não sei cortar cebola, então me corto, fico ansiosa e tiro o prato do forno antes da hora, ou seja, não vale a pena. Já fiz arroz, filé de frango, ovos básicos e, claro, brigadeiro. Sobrevivência é tudo. Confesso (não espalhe por aí) que faço um macarrão ao molho branco bem honesto e um pavê de bolacha Maria e leite condensado que, em 75% das vezes, dá certo. É o clássico. Não gosto de cozinhar, mas adoro comer. E se quiserem me chamar pra jantar, tenho uma receita infalível de animação.

Bia Garbato é escritora e publicitária. Ela é colunista da revista VERO e do site da Jovem Pan. @biagarbato.

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