Tempestade de areia em Alphaville: como o beach tennis virou febre na região

Tradicional no tênis, a região dá cada vez mais espaço para o beach tennis. Além das academias e clubes já existentes, ao menos mais três devem abrir as portas em breve
|
Julia

Depois de um dia longo de trabalho, o morador de Alphaville, Haroldo Vieira, de 42 anos, jogava tênis quando percebeu uma movimentação diferente na Slice Tennis, onde treinava. Era dezembro de 2015 e, naquele dia, ele conferiu a primeira quadra de beach tennis sendo inaugurada por aqui, a Ravenna (que na época ficava dentro da Slice).

Mas o que era aquilo? Notou uma mistura de tênis tradicional, vôlei de praia e badminton. “Nunca tinha visto uma quadra e nenhum jogo. Aí o Rodrigo Grilli (um dos fundadores da Ravenna e atleta profissional de tênis e beach tennis) me convidou para jogar. Em pouco tempo decidi trocar o tênis tradicional pelo esporte pé na areia e não parei mais”, conta ele, um dos primeiros adeptos de BT em Alphaville.

Rodrigo Grilli

Grilli, que não estava apenas apostando em um negócio tão pouco falado no momento, mas investindo em uma grande paixão, hoje é o atleta de Alphaville com a melhor posição no ranking mundial de beach tennis (93, até o fechamento desta edição), tendo participado de 200 torneios e conquistado 32 títulos – ele também atua como professor particular do esporte, no Ravenna e em outros lugares.

De onde veio?

O beach tennis nasceu em 1987 na província de Ravenna, na Itália. Segundo dados da Confederação Brasileira de Tênis, a modalidade chegou ao país em 2008 no Rio de Janeiro. Desde então, cresceu rapidamente para outras regiões, mesmo não praianas como São Paulo, Belo Horizonte e, claro, Alphaville. De acordo com a Federação Internacional de Tênis (ITF), o Brasil é a segunda maior força do mundo neste esporte, atrás apenas da Itália.

Uma das pioneiras no Brasil é a bicampeã pan-americana de tênis, a carioca Joana Cortez. Ela conquistou seu primeiro torneio de BT em setembro de 2010, em Nova York, e passou a ser a primeira “não italiana”, ao lado de Samantha Barijan, a alcançar a primeira colocação no ranking mundial. Em seguida, se destacou o carioca Viní Font, que também chegou a número um.

Alguns nomes de Alphaville também figuram no ranking mundial. Além de Rodrigo Grilli (93), estão lá Muka Mariano (107), Ed Junior (181), que são professores no Beach Arena, na região do AlphaSítio, Raphael Manzione (400) e Jean Carlos Jacaré (576), ambos professores. Já na feminina, há as moradoras Cindy Stedile (259), Angela Marsola (393) e Fabiana Seixas (393). O levantamento foi feito com a ajuda de professores e atletas locais no fim de março. As posições são alteradas semanalmente e podem não ser mais essas.

O boom em Alphaville

Segundo a ITF, o beach tennis é praticado por mais de 500 mil pessoas no mundo, independentemente de sexo e idade. O sucesso, segundo a confederação, se deve pela facilidade com que uma pessoa aprende a jogar e pela diversão proporcionada mesmo para quem nunca praticou. Além disso, é uma excelente opção para quem quer melhorar o condicionamento físico e cuidar da saúde. Mas por que agora virou febre em Alphaville? De acordo com uma pesquisa VERO, com quase 150 moradores da região, 85% concordam que o beach tennis é o esporte do momento, 61% já jogaram ao menos uma vez na vida e 84% conhecem alguém que joga.

Com certeza, ser um bairro apaixonado pelo tênis ajuda muito. Alphaville tem cerca de 120 quadras de tênis e é celeiro de grandes talentos do esporte. Fato é que não precisaria de muito para a região se deixar invadir pelas areias. A pandemia também acelerou o processo. “Em 2020 aprovamos os protocolos de segurança, provando que tanto o tênis, quanto o beach tennis são modalidades seguras quando praticadas em locais arejados”, conta Roberto Fadul Machado, diretor de beach tennis da Federação Paulista de Tênis.

Foi assim na Ravenna, que sentiu forte aumento da procura. “O nosso número de alunos cresceu rapidamente. Temos dez quadras. Iniciamos com um professor e hoje já são oito, com previsão de 15 para atender a demanda”, diz Giácomo Bozzano, sócio administrador do local, que também oferece opções gastronômicas, promove eventos de música e, claro, diversos torneios.

A pesquisa VERO mostra esse avanço. Entre os praticantes do esporte, 71% fazem aula e mais de 40% jogam no mínimo três vezes por semana, sendo que o mesmo percentual se declara “viciado” no esporte. Carlos Benasatto, de 43 anos, começou a jogar há sete meses, e há menos de um mês a esposa, Jaqueline, de 34 anos, aderiu também. “Comecei com amigos quando não podíamos fazer outros esportes na pandemia. Agora chego a ir cinco vezes na semana. É viciante! Já joguei com criança de 11 anos a ‘jovens’ de 70”, conta Carlos.

Um esporte democrático

Esse é um dos pontos fortes do beach tennis. De acordo com o atleta profissional e professor Jacaré, o BT é muito democrático e todos os tipos de pessoas conseguem jogar. “Você consegue praticar com toda a sua família, amigos, de diferentes idades, com ou sem boa forma física”, conta o profissional.

Foi o que aconteceu com um grupo de moradores do Ghaia, condomínio que criou recentemente um torneio interno. Uma moradora decidiu organizar uma partida com vizinhos, até que surgiu a ideia do Ghaia Cup. “Falamos com o administrador do condomínio que logo topou revitalizar a quadra, antes usada para futvôlei e vôlei. Organizamos tudo, abrimos as três categorias: mista, feminina e masculina. E como o beach tennis é muito inclusivo, tivemos desde participantes iniciantes a “rallies” de tirar o fôlego”, conta Raquel Christe. O campeonato em março foi um sucesso, já com promessa de mais um em setembro.

E já pensou em ter a sua própria quadra? Foi o sonho realizado da família Funicello. “Jogávamos no ATC e no Ravenna e, na pandemia, íamos na casa de um amigo. Até que veio a ideia de fazermos a nossa própria quadra na área onde era um campinho de futebol”, conta Roberta. A construção não envolveu engenheiro, mas a família toda! Eles iniciaram no fim de 2020 e finalizaram em fevereiro deste ano. “Meu marido pegou uma trena, acertou o terreno e colocou filhos, sobrinhos, todo mundo para trabalhar”, explica. Hoje, todos aproveitam o espaço juntos, levam amigos, fazem aulas… “valeu muito a pena!”, diz a porta-voz da família esportista.

E será que vai crescer ainda mais?

Sim! É o que diz a Federação Paulista de Tênis. “Ainda há muita gente para conhecer”, diz Roberto Fadul Machado, diretor de beach tennis. Hoje em Alphaville são cinco academias e clubes em funcionamento; e mais três devem chegar ainda neste semestre – fora os próprios condomínios que já contam com quadras e os que estão se adaptando para ter uma.

A Beach Arena, localizada no Alphasítio, foi a segunda academia de esportes de areia a abrir por aqui. São quatro quadras e cerca de 400 alunos (começaram com 30), – e esse número deve mudar em 2022, já que a ideia é construir mais duas quadras neste ano. “Ficamos felizes em ver o desenvolvimento do BT na região, que tem crescido exponencialmente dentro e fora dos condomínios”, conta George Procopio, sócio da Beach Arena.

Já a maior academia em volume de quadra, a Prainha Alphaville, inaugurou agora em abril e tem um espaço de seis mil metros quadrados, com 14 quadras de areia e uma de padel, além de gastronomia e salão de beleza. “A expectativa é de crescimento, pois uma parcela enorme ainda não experimentou esse lifestyle. É um esporte que agrega as pessoas e fácil de aprender”, conta Luciano Samarco, sócio e idealizador do Prainha Tamboré. Ainda em obras, a Arena 18, na região do 18 do Forte Empresarial, terá sete quadras, restaurante e bar e espaço para churrasco, deve começar a funcionar em junho. Por fim, o Alpha Beach Sports, no Burle Marx, poderá ter três quadras (ainda em projeto) e inauguração até julho deste ano.

Para os moradores, uma coisa é certa: quanto mais serviços e locais bem estruturados, melhor! E Haroldo Vieira, aquele morador que citamos lá no comecinho da matéria, ainda destaca: “além dos points e clubes, é importante mencionar um pilar chave que é a valorização dos professores do beach tennis. Eles começam a ter uma carreira mais sólida e segura, gerando um melhor serviço, com cursos e treinamentos. Com certeza, a demanda e a procura geram competitividade, tornando os espaços e serviços ainda melhores”, conclui.

Pesquisa VERO 

Levantamento feito com quase 150 moradores de Alphaville, Tamboré e Aldeia da Serra entre o fim de março e começo de abril de 2022, pelos canais digitais da VERO

Atletas profissionais de Alphaville

Confira alguns moradores que figuram no ranking internacional e suas posições – até o dia do fechamento.

*A lista não é oficial, ou seja, pode haver outros vizinhos profissionais. Se souber de mais algum, manda pra gente atualizar nos nossos canais digitais: reportagem@vero.com.br.

{{ reviewsTotal }}{{ options.labels.singularReviewCountLabel }}
{{ reviewsTotal }}{{ options.labels.pluralReviewCountLabel }}
{{ options.labels.newReviewButton }}
{{ userData.canReview.message }}