Wilson Medeiros: "Repensar, reinventar, repaginar – A receita do “re” ainda vale?"

Diante da tempestade gerada pela pandemia, o que não nos faltam são diagnósticos imprecisos, seguidos da receita de sempre – a mais batida delas, a de “reinventar” isso ou aquilo e a si mesmo. 
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Repensar, reinventar, revolucionar, reaprender, reposicionar, reverter, ressignificar, reeducar, reestruturar, readequar, revisitar, repaginar, rejuvenescer, reviver.

Em tempos de crise, a “receita do re” é repetida para incentivar, na tentativa de salvar as pessoas e a humanidade. Neste momento nos tornamos todos pacientes –ou impacientes? Muitos até expressam otimismo com o “novo normal” mas, mentalmente, aguardam a volta do normal ou do “antigo normal”.

Diante da tempestade gerada pela pandemia, o que não nos faltam são diagnósticos imprecisos, seguidos da receita de sempre – a mais batida delas, a de “reinventar” isso ou aquilo e a si mesmo.

A prescrição vêm desde palpiteiros comuns aos gurus mais respeitados e admirados globalmente nas esferas políticas, espiritual, religiosa, acadêmica ou corporativa.

Inclui-se ainda boa parte da mídia e o cotidiano das conversas formais ou informais.  O tom inicial sempre passa por alguma frase do tipo “Você precisa ser “resiliente”, “repensar” seu negócio, “repaginar” as redes sociais…” Pior é quando isso tudo ainda se soma a rejuvenescer.

Missão impossível no momento em que a maioria está tentando minimamente sobreviver. Em nosso Brasil desempregado, segundo balanço recente da revista Exame, existem 39 milhões informais e uma estimativa de perda de mais de 9 milhões de empregos até o fim do ano.

Repetir receita antiga, portanto, não dá. Conversando com as pessoas, diante da lista de “re” percebo uma expressão do tipo: “Nossa, preciso mais um re, de “renascer”, para dar conta disso tudo!”.

Dá para compreender. Tem horas que só uma solução prática resolve. Emprego. Dinheiro. Mas como fazer diante dessa crise abissal e da possibilidade de que tão cedo nada volte ao normal, muito menos ao “antigo normal”?

Todos os “re” sugerem as melhores intenções para vencer a crise. Mas o ponto central é que sentimos falta de algo mais próximo de cada um. Aquilo que toca a alma, um quê mais forte e de fácil entendimento. Um conselho simples como “não pare”. Siga em frente. Persista e não desista. E mais: não tenha receio de pedir ajuda.

Criar ou estabelecer internamente um grito de guerra é valioso e incentivador. E, claro, não basta traçar a estratégia. É vital estabelecer uma metodologia de execução para monitorar as ações, como diz o guru Ram Charam.

Um bom caminho é atentar à abundância de competências, atualmente, disponíveis a qualquer gestor público ou privado. Há serviços que vão desde custo zero, além de ofertas a preços acessíveis e coerentes com o contexto.

A dinâmica do “show da vida 2020” ou “do show business”  mudou. No cenário atual, o  adversário é a sobrevivência. O vencedor do jogo é o coletivo.

Daí acreditar de que a cesta do “re” não veste indistintamente. 

Nem tudo precisa ser “ressignificado”. Seja qual for o tamanho da sua crise, da sua dor, você precisa continuar a sobreviver. Isso significa permanecer vivo apesar das condições existentes.

Arrisco dizer que o maior obstáculo para vencer qualquer crise está enraizado nas crenças e convicções pessoais. Resumindo, seria um filme ou balanço das realizações que deram certo ou não. Aqui, é preciso apertar o botão atualizar, porque os sucessos e fracassos atenderam a um determinado período, em cenários diferentes.

A situação pede enorme dose de humildade e gratidão. Mude o que precisa ser mudado. O mundo não vai mudar se você não fizer a sua parte. Quando a gente mexe, o mundo mexe. Comece já. Faça a sua parte.

Aí sim, utilizando um poderoso “re”: reiniciar.

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