A importância do apego para a saúde mental
Por Shaiana Lick
Pesquisas mostram que pessoas que sofrem negligência física ou emocional, ou são submetidas a situações traumáticas, especialmente na infância, podem desenvolver transtornos psicológicos e disfunções nas relações. A Teoria do Apego, conhecida como “Attachment Theory”, criada pelo psiquiatra e psicanalista inglês John Bowlby (1907-1990), e desenvolvida pela psicóloga norte americana Mary Ainsworth (1913-1999), é uma abordagem que ajuda a compreender e modificar a maneira como essas vivências disfuncionais são internalizadas.
A peça central da teoria é a “figura de apego”, que será a principal referência da criança, ou seja, a pessoa que dedica à criança cuidados básicos, alimentação, higiene e, principalmente, amor. A teoria é concordante com o modelo de processamento adaptativo da informação (PAI), que norteia o processo terapêutico, através da abordagem EMDR, da qual falamos na edição anterior.
A estruturação do sistema de apego inicia-se na gestação e se fortalece nos primeiros anos de vida. O mundo é apresentado para a criança através de suas primeiras relações com essa figura. Situações ou condições em que a criança foi gerada, depressão pós-parto, disponibilidade emocional, afetiva e acolhimento familiar são alguns fatores que podem influenciar no sistema de apego e a forma como a criança se relacionará no futuro.
As pessoas que possuem um sistema de apoio apropriado tendem a desenvolver o apego seguro. Por outro lado, há formas disfuncionais, na qual, o indivíduo necessita de recursos positivos para refazer essa estrutura. Isso é possível através da psicoterapia.
Essa forma disfuncional não é algo fixo ou irreversível. Seja em crianças, adolescentes ou adultos, a terapia auxilia na desativação desse sistema de sobrevivência ativado, que dificulta as relações atuais.
A relação terapêutica é um dos ingredientes essenciais da mudança.
Mesmo que o paciente não identifique uma figura de apego segura na sua vida, é possível criar essa relação, desenvolver e acessar redes neuronais adaptativas positivas e melhorar os sintomas, através de um psicólogo capacitado. Para muitas pessoas, a relação terapêutica é o primeiro passo para a reconstrução e reparação de uma relação segura. É possível desenvolver equilíbrio emocional e uma visão mais otimista da vida.
Shaiana Lick (CRP 06/138397) é psicóloga, pós-graduada em gestão de pessoas pela FIA e terapeuta EMDR pela Tapia Counseling (Consultor aprovado pela EMDRIA, USA). É membro da Associação Brasileira de EMDR, do Programa Ajuda Humanitária Psicológica – Brasil e do Projeto Social “Voa Borboleta” | Av. Sagitário, 138, sl 2213, Torre City, (11) 93310-4321, @shaianalick.emdr | shaianalick.com