Helio Contador: "O cérebro sob comando do Smartphone"

O avanço tecnológico trouxe benefícios para o nosso dia a dia. Só que outras situações surgiram e, se não forem bem gerenciadas, poderão trazer consequências graves para saúde
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É cada vez mais visível e perceptível o aumento da dependência que estamos desenvolvendo pelas redes sociais através do uso cada vez maior dos Smartphones, que nos mantém conectados com o mundo por 24 horas nos 7 dias da semana. Isso é bom ou ruim? Esse fato afeta nosso cérebro de forma positiva ou negativa? Essa dependência melhora ou piora nosso foco e produtividade nas empresas? É disso que vamos falar um pouco nesse artigo.

Creio que seja inegável que esse avanço tecnológico trouxe uma série de benefícios, sem volta, para o nosso dia a dia, tais como receber notícias de qualquer parte do mundo instantaneamente, aumentar nossas conexões com parentes ou amigos que moram em locais distantes ou então que não víamos há muito tempo. Uma quantidade enorme de aplicativos nos permite saber, em tempo real, as condições do tempo, pedir comida num restaurante, comprar ingressos, saber qual o melhor caminho usar no trânsito, pagar contas e assim vai…uma infinidade de aplicações que facilitam nossa vida, sem sombra de dúvidas.

Só que outras situações surgiram, juntamente com essas facilidades, que, se não forem bem gerenciadas e controladas, poderão trazer consequências graves para nossa saúde física e mental. Num artigo recente da revista Você S/A (editora abril) de outubro desse ano, esse assunto foi amplamente analisado e vamos nos basear nele para ressaltar alguns pontos que considero importantes.

Em uma pesquisa com 20.000 brasileiros descobriu-se que quase 42% consideram-se viciados em seus telefones e ficam praticamente o tempo todo online, o que pode trazer como consequência o surgimento de doenças, como estresse, ansiedade, depressão, déficit de atenção ou mesmo um transtorno obsessivo-compulsivo. Essa dependência pode também alterar o nível de Gaba, um neurotransmissor inibidor de neurônios, tendo como resultado um nível maior de insônia, cansaço, nervosismo e falta de foco. Uma pesquisa da consultoria Deloitte mostrou que 68% das pessoas acionam seus aparelhos ainda quando estão dormindo e isso não pode ser boa coisa. Já surgiu até a “síndrome do celular fantasma”, quando as pessoas acham que o telefone está vibrando, quando na verdade não está!

O que ocorre é que nosso cérebro não mudou muito nos últimos 300 mil anos (Homo Sapiens) e essas mudanças tecnológicas estão ocorrendo tão velozmente que estamos tentando nos adaptar as novidades que exigem muito esforço do cérebro, órgão que pesa cerca de 2% do corpo humano, mas consome aproximadamente 20% das nossas energias. Além disso, fomos programados para concluir uma tarefa antes de começar outras. Quando tentamos ser “multitarefas” nessas mudanças insanas entre aplicativos, imagine como nosso cérebro se sente?  Quem acha que realiza várias tarefas com vários aparelhos simultaneamente está se auto enganando. Os estudos mostram que as pessoas multitarefas digitais são piores executores (mais ineficientes) comparados aos que se concentram em uma tarefa por vez. Tudo isso cansa muito.

Sem falar nos vários grupos sociais que vão incluindo nossos nomes, mesmo sem nossa permissão, o que nos obriga a ter que aguentar os milhões de “bom dia, boa tarde, boa noite, paz, amor” e assim vai. É que muita gente se sente constrangida em sair do grupo de um amigo sem dar explicações.

Com os jovens e adolescente a coisa não é diferente e está ficando mais grave a cada dia que passa. Num artigo publicado na revista Estreteses nº 6 da UNIFESP, a doutora Denise de Micheli fala sobre o Transtorno de Dependência da Internet (TDI). Uma pesquisa feita com jovens entre 13 e 17 anos revelou alguns dados surpreendentes: quanto ao manejo de celulares e tablets, 33% mencionaram usá-los quando vão ao banheiro; 51% durante as refeições; 90% na cama, antes de dormir; e 92% afirmaram checá-los logo que acordam – antes de levantar da cama. Além disso, 79,7% confessaram voltar para casa e buscar seus aparelhos em caso de esquecimento, mesmo que isso cause atrasos em compromissos ou alguma outra forma de prejuízo. Por sinal, já tem nome para isso: nomofobia, o medo de ficar sem o celular!

Uma das conclusões dessa pesquisa foi que esses hábitos podem trazer consequências sociais, principalmente, aos dependentes substanciais, que apresentaram menores médias de desempenho nas esferas física, sentimental, social e escolar, além de menor qualidade de vida do ponto de vista global.

Algumas dicas para se desintoxicar desse problema:

  • Desligue o telefone enquanto dorme
  • Limite e organize o tempo nas redes sociais
  • Mantenha-se ocupado com outras atividades (sobra menos tempo para as redes sociais)
  • Guarde o aparelho enquanto estiver conversando com alguém
  • Comer com celular atrapalha a digestão
  • Desative as notificações (diminui o grau de ansiedade)
  • Não misture trabalho com as redes sociais (gera improdutividade)
  • Selecione seus seguidores e quem está seguindo

Bom ficamos por aqui e, se tiver algum comentário sugestão é só incluir nos comentários desse artigo. Sua opinião vale muito para os futuros artigos. Até lá…

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