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Proteção ou superproteção?

Mariana Minerbo, doutora em psicologia clínica, faz uma reflexão sobre superproteção parental, tema levantado no mês de outubro pela VERO
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A preocupação com a educação vem agregando cada vez mais aos conteúdos curriculares, fatores como adaptabilidade, sociabilidade, resiliência, autonomia, entre outros. Possibilitam-se, assim, recursos, às crianças e aos jovens  para lidar melhor com os percalços da vida, diminuindo a ansiedade e a insegurança.

Repercutindo brevemente o tema da superproteção parental, levantado no mês de outubro/23 pela revista Vero, colocarei algumas reflexões:

Primeiramente, pode-se pensar no significado atual da ideia de superproteção, será que foi sempre a mesma?  Claro que não!  Levando em consideração as rápidas mudanças na sociedade durante as últimas décadas, como a globalização, o avanço da tecnologia, a violência urbana, a maior instabilidade familiar, o bullying, a pandemia, citando apenas algumas, percebe-se que há necessidade de uma adequação apropriada que demanda um longo trabalho de elaboração.

A própria experiência clínica e pesquisas nacionais e internacionais mostram o que se supõe gerar esta reação por parte dos adultos, chamada superproteção.

Tomando como exemplo do final da década de1980, eu atendia uma criança de 6 anos que vinha para a sessão acompanhada da irmã de 10 anos, numa rua relativamente tranquila em São Paulo. Vejamos por que isso seria muito desaconselhável hoje em dia: antes de mais nada, a violência urbana limitou a frequência do espaço público por crianças e jovens, portanto hoje em dia  dificilmente se veem crianças desacompanhadas ou com outras crianças e adolescentes tanto nas ruas como nos transportes públicos.

 A vulnerabilidade social, vista na maioria das grandes cidades do mundo, e entre nós também, tem gerado uma mudança nos valores, priorizando os bens de consumo, prevalecendo o “ter” sobre o “ser”, semeando sensações de perigo. Então não vamos mais sair de casa? Temos aí uma árdua tarefa: encontrar um equilíbrio entre ensinar e “habilitar” as crianças e os jovens a lidar criativamente com as situações atuais ou privá-los de ter as suas próprias experiências rumo ao crescimento.

Os exemplos acima citados são um mínimo fragmento daquilo que preocupa os pais, considerando a amplidão de situações aos quais os filhos estão expostos atualmente e sendo que não há uma “receita” a ser seguida. O que se tem como evidência, é um número crescente de crianças e adolescentes que apresentam ansiedade, insegurança, apatia, desinteresse, sentimentos de inadequação e depressão, agravado ainda mais com o isolamento obrigatório no período da pandemia de Covid-19.

Estudos recentes e as de mais longa data sugerem que há uma sobrecarga de atividades que visam geralmente, além de ocupar a criança para a sua própria segurança e a dos adultos, um preparo antecipado para um futuro que está ainda muito longe, sem proporcionar um tempo/espaço livre, sem algo dirigido para que a criança possa espontaneamente inventar as suas brincadeiras sem inibir as sus iniciativas

A supervisão de adultos é importante não apenas para evitar os perigos externos como quedas etc, mas também os das telas, a criança é curiosa e neste caso os adultos tem que estar atentos e conversar sobre as armadilhas que circulam nas mídias, servindo como um ensinamento protetivo.

Na sociedade atual os valores como generosidade ,empatia, acolhimento, em algum grau, deram lugar à competitividade exacerbada, à intolerância à frustração, à indiferença, atitudes e comportamentos que nem sempre conseguem agregar as pessoas, disseminando o chamado bullying, os “cancelamentos” que tem provocado muito sofrimento às crianças e jovens e muita preocupação nas famílias e escolas.

Pode-se observar assim o quão frágil e tênue é linha que divide a proteção da superproteção. Mas nem tudo está perdido, não se pode viver no saudosismo do passado, problemas sempre existiram!

Estar ao lado dos filhos e alunos, em todas as idades, satisfazendo as necessidades, diferente dos desejos, estes apenas quando possível, proporcionando-lhes experiências suficientemente boas rumo ao desenvolvimento e maturidade.


Mariana Minerbo é doutora em psicologia clínica. Estudou a influência do modo de vida contemporâneo e é ainda especializada em atendimento infantil e de adolescentes. Em suas sessões segue a orientação psicanalítica. 

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