Wilson Medeiros: "Disrupção pós-pandemia - o mundo fecha para balanço"

Ruptura, rompimento, divisão. Disrupção. A palavra entrou para o vocabulário do mundo corporativo na última década. Até então pouco conhecida, chegou dizendo a que veio, pela própria dicção. 
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De repente, nos vimos vulneráveis a esse “vírus” empresarial denominado disrupção. Aos poucos, fomos nos familiarizando, ganhando anticorpos para melhor enfrentá-lo e sobreviver a seus efeitos.

Começamos pela busca do entendimento de seu significado conceitual: a descontinuação de um processo estabelecido. Algo disruptivo interrompe, suspende, afasta do normal.

O termo se estabeleceu em alta velocidade, como uma pandemia global, usado para denominar inovações no mercado. Ganhou ainda o nome duplo “disrupção inovativa”, para traduzir o viés tecnológico, associado a novas alternativas de ofertas de produtos e serviços.

Os badalados cases mundiais como Netflix, Spotify, Airbnb, só para citar alguns, vêm sendo enaltecidos e celebrados com a bandeira do sucesso.

No meio desse filme, para mudar completamente o roteiro, instala-se uma pandemia chamada coronavírus. A ameaça invisível e letal às vidas humanas chega para mudar as regras do jogo.

O mundo fecha para balanço. Ainda na quarentena, antecipa-se a aplicação de um novo capitalismo, em que o jeito de fazer negócios passa, obrigatoriamente, por priorizar o impacto social, o bem-estar pessoal e familiar de trabalhadores e empresários.

O momento não conta com livros de cabeceira ou ensaio acadêmico. A história do coronavírus vai sendo escrita em tempo real. Não há registro de que algum dirigente dessa geração tenha enfrentado algo com tamanho potencial infeccioso e letalidade.

Na quarentena, tenho conversado –virtualmente ou ainda presencialmente –com funcionários, empresários, fornecedores, instituições financeiras, entidades acadêmicas e investidores.

Felizmente, observo responsabilidade no “autocuidado”, para cuidar das pessoas e de suas empresas.

Mas o que a disrupção tem a ver com o mundo pós-coronavírus? Só tudo. A angústia é geral, em todas as esferas e países. Houve uma ruptura sem precedentes. Nada voltará a ser como antes.

No mundo dos negócios, estabeleceu-se uma regra inegociável: para vencer, a escolha tem de considerar o coletivo. Não importa se o modelo é digital ou físico. Por trás dele sempre teremos uma vida humana.

De acordo com o Sebrae, o varejo brasileiro conta 13 milhões de empresas de pequeno porte, que empregam 21,5 milhões de pessoas. São Paulo tem 4,2 milhões de pequenos negócios, que representam 5 milhões de vagas formais –o equivalente a 49% dos empregos no Estado.

Levando em conta o universo paulista, o Sebrae avaliou que as micro e pequenas empresas têm, em média, 12 dias de caixa, para bancar emergências. Já as Empresas de Pequeno Porte (EPPs), contam com 21 dias antes de zerar o capital de giro.

Nessa asfixia geral, o capital liberado pelo Governo, com o aval do Sebrae, para socorrer o caixa, equivale ao respirador para quem já está gravemente infectado.

A exigência de garantia real por parte dos bancos, em meio a pior crise da história, é o mesmo que pedir uma vacina para o coronavírus. Ou seja, sem acesso efetivo aos recursos, seguimos o mesmo destino da estatística letal.

Assim como em outras escalas da sociedade, aqui, a situação crítica das pequenas e médias empresas, também se espelha o tamanho da desigualdade, pela dificuldade de acesso ao crédito quando comparada com as BIGs.

Ao mesmo tempo, abre-se uma janela de oportunidade aos investidores, entre outras entidades como fintechs, para aportarem recursos  em negócios potenciais de crescimento, guiados por bom nível de Governança.

O mundo parou. Aqui está o problema –e a grande oportunidade. O momento é de unir forças. E que estas se traduzam em vínculos rentáveis e duradouros, para sobreviver à disrupção pós-pandemia.

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